73 / Brincar Com o Fogo
Se olharmos com alguma atenção para a imprensa em geral – e para os jornais em particular – verificamos que há um acentuado aumento do número de notícias referentes: 1) à Polícia; 2) a polícias; 3) a assuntos policiais. Quanto aos últimos nada se pode fazer, pois é o papel que o Estado, enquanto demissionário de diversas politicas sociais, reservou para nós. Quando se fala de polícias, a título individual e particular, raramente é para mostrar, indicar, apontar, enaltecer, enfim de alguma maneira, falar positivamente do indivíduo, da pessoa humana que, por ser polícia, adquiriu valências que a sociedade tem usufruto delas. Pela negativa… vou ali e já volto! Finalmente a Polícia, a Instituição. Muitas das vezes, parece ser «uma coisa que está ali» e que serve para falarmos mal. Mas não é isso que agora se pretende dizer. O que se pretende chamar à atenção é o seguinte: há já vários anos que a Polícia de Segurança Pública tem servido de joguete dos políticos: usam-nos, fazem-nos promessas, passam-nos as mãos pelo lombo [enquanto oposição]; no poder, só não nos tiram mais porque… parece mal, ou ainda não foi oportuno. Mas as novas investidas estão aí: começam por lançar na imprensa determinadas «notícias» e depois aparecem os desmentidos. Parece que há uma pesca à distância: lançam o isco a ver qual a reacção. O caminho, a ser por aí, é muito perigoso. Já basta que nos confundam com funcionários públicos – embora formalmente já o sejamos – porque a realidade, a curto prazo, vai ditar a incoerência da decisão. Agora, duma vez por todas, deixem de brincar com o fogo, pois um dia destes queimamo-nos todos. Com aquele fogo que arde sem se ver, sem ser propriamente… amor.