Friday, November 21, 2008

101 / Salamaleque*

O nosso contacto com Mário Contumélias foi através do CENJOR [ Centro Protocolar de Formação para Josrnalistas ] local por onde também passou como formador o outro autor do livro. Mário Contumélias, ao longo de alguns anos foi ouvindo e escutando muito de muitos. Ouviu e escutou, tanto de Oficiais da PSP como da GNR
Deu formação a elementos que agora se encontram em lugares de destaque na vida policial portuguesa. Desde o actual n.º 2 do SISI, passando pelo 2.º Comandante do Comando Metropolitano do Porto, pelo representante da PSP em Bruxelas, pelo Chefe do Departamento de Operações e Segurança da Direcção Nacional, pelo Comandante da Escola Prática da Polícia, pelo responsável regional do Norte do SIS, etc., etc., etc. De Norte a Sul, dos Açores à Madeira, deu formação a inúmeros Oficiais de polícia, tanto do Instituto como oriundos da carreira de base. Ouviu muito de muitos. Também contou muitas histórias, muitas cumplicidades entre jornalistas, governantes e marcas de produtos. Contou como se lança um Presidente, como nasceu e aparece, a cada manhã, um jornal diário. Contou também como se fazem algumas manchetes de jornais e como se vendem determinados medicamentos, como por exemplo, os comprimidos para a gripe. Contou para que servem os Gabinetes de Comunicação. Também confidenciou como os jornalistas estagiários são explorados pelos jornalistas/directores/patrões da imprensa, sem direito a ordenado e, muitas das vezes, sem poderem aceder à cantina do jornal onde fazem o estágio. Tudo isto perante a passividade de jornalistas como ele. Contou muitas coisas. E foram muitos a ouvir.

Se este livro pretendia ser um retrato da polícia, falhou redondamente. Não se duvída de que os testemunhos ali registados sejam verdade e aconteceu [e acontece] algures a alguém. Infelizmente vai acontecendo. Temo-lo registado aqui várias vezes. Mas a polícia é muito mais do que ali se encontra registado. Além disso é vergonhosa a colagem a um sindicato e o critério [compreensível] de manter o anonimato para uns e a inversão [incompreensível] desse mesmo critério para outros. Também é vergonhoso levantar suspeitas e depois nada escreverem alegando que precisavam de investigação jornalística. Os autores sabem e podem fazer melhor. E eles sabem disso. Também foi decepcionante [mas já não supreende face ao trabalho apresentado] ver os autores num programa de televisão de qualidade duvidosa.

Uma pergunta: Conhecendo os seus autores, a pergunta que se põe é a seguinte: -que medicamento é que estarão a preparar-se para vender?

Uma segunda pergunta: que faz ali o Ministro Rui Pereira?

Concluindo: o livro em questão, é uma peça mal trabalhada dos autores. Poderiam e deveriam ter ido mais longe. O que fizeram, foi entrevistar alguns polícias e fazer uma ligação mais ou menos lógica do texto. Qualquer pessoa que saiba português o consegue fazer. Nem precisa de formação para o efeito. O livro que está por detrás dos nomes não vale o dinheiro gasto na compra. Este livro, sem os nomes dos autores, vendia o número de exemplares correspondentes aos convidados no dia do lançamento, nada mais.

* {do Lat. contumelia - s. f., afronta; injúria; insulto; - fam., mesura; salamaleque; vénia.}

Monday, November 17, 2008

100 / Inominados

De repente, parece que Portugal, descobriu que alguns indivíduos se serviam do futebol para negócios escuros. Chamem-lhe os nomes que lhe quiserem chamar, eles não se importam, pois faz tudo parte de uma cultura não só tribal como criminal. E acreditem numa coisa: não há clube ou SAD inocente no meio desta porcaria. Esses grupos organizados envolvem-se com a sociedade da lei e das regras, e usam-nas para se defenderem. Vivem, organizam-se e proliferam em torno da violência e ilegalidade. Durante anos tem sido assim. Por causa destes abstrusos, que os clubes/SAD alimentam, directa ou indirectamente, abertamente ou por baixo dos panos, voluntária ou forçadamente, que se têm passado das cenas mais violentas da nossa inocente sociedade civil, esta sim, a verdadeira prejudicada pela existência desses bandos organizados. Às pessoas, ao cidadão vulgar, não lhe passa pela cabeça o que estes indivíduos são capazes. Eles têm vindo num crescendo abusador; uma impunidade sem precedentes: ameaçam, traficam, agridem, insultam, cospem... e as Forças de Segurança ainda lhe têm que dar protecção!!! Muitos dos serviços (ditos) remunerados, para não dizer quase a sua totalidade, que as forças de segurança fazem aos estádios, são obrigatórios e executados nas horas de descanso dos elementos policiais. Os mesmos elementos policiais que depois vão entrar de serviço já completamente estafados. Para não falar ainda que todas as despesas dos meios materiais que são postos ao dispor destes serviços, se repercutem negativamente nos orçamentos das forças de segurança: os clubes/SAD limitam-se a "pagar"(!) uma mixordice por indivíduo e não é a todos [ver mensagem 47 / ... e Mal Pagos]. Estes criminosos têm que ser banidos enquanto grupo, e detidos, julgados e condenados enquanto indivíduos. Para que os verdadeiros adeptos possam retornar aos campos de futebol.
Por curiosidade, ver também as mensagens [46 / Espanto - 2 de Março de 2008] e [72 / Disfuncional - 20 de Maio de 2008]

Wednesday, November 12, 2008

99 / Desistir

De tempos a tempos somos confrontados com a triste realidade dos suicídios que vão acontecendo, tanto na PSP como na GNR. Normalmente aborda-se o facto, o suicídio, como um número, ou seja, com infomações do género: «GNR matou-se ontem e subiu para 14 os casos de 2008»[Subtítulo da manchete do Diário de Notícias de 12 de Novembro]. Depois compara-se com os elementos da PSP que se suicidaram no mesmo período. É triste, mas é assim que as coisas são apresentadas: por números. A reportagem do Diário de Notícias, que até ocupa um lugar nobre do jornal (centrais e mais uma página) não diz nada de novo: apresenta casos reais, graves, mas comuns a várias profissões e dá voz a vários doentes e entre eles, um com 50 [cinquenta !!!] processos disciplinares: «Há cerca de 50 processos internos contra mim». Por seu turno a GNR diz que vai fazer autópsias psicológicas* .Vamos aqui propôr que nos deixemos de brincadeiras, pois a realidade já não se compadece com mais estudos. Já todos sabemos o que está mal, logo pergunta-se: porque teimam os nossos dirigentes em agir?
[Sobre este assunto, veja-se a mensagem 90 / Real]
{ [*A autópsia psicológica é um procedimento utilizado em casos onde há dúvidas sobre as circuntâncias de uma morte, fazendo-se [se] necessário uma reconstrução do perfil psicológico da vítima e seu estado mental antes do fato juridicamente questionado] in "sanidadeinsana.blogspot.com"[O objetivo é firmar sintomas que sejam determinantes de suicídio, com os quais um número satisfatório de analistas concordem, para que se possa a partir daí avaliar pessoas que corram o risco de se matar e prevenir o problema] in "www.prometeu.com.br"}

Thursday, November 6, 2008

98 / Qui Varrant, Pauci; Est Multus, Qui Sordidet Aedes*

Quando o Director Nacional da PSP tomou posse, publicámos o nosso mais eloquente post: «Le Roi est Mort, Vive le Roi» [ver mensagem 51 / Francisco de Oliveira Pereira, 14 de Março]. Ficámos contentes porque tinhamos muita esperança, muitas expectativas. Demoradamente, muito lentamente, foi formando a sua equipa. Tinha-se iniciado um complicado processo de reestruturação da PSP. As pessoas que nomeou, colocou e fez deslocar, iriam cumprir esse propósito. É certo que há imperativos [legais] que tornam determinadas tarefas demoradas. No entanto, há outras situações que não se compreende como é que se chega a elas. Poderíamos citar muitas, mas só vamos abordar uma: Tendo a PSP recebido áreas novas sem reforço de efectivo, numa altura em que se aguardam inúmeros diplomas que virão - espera-se - mudar a face da PSP, o Chefe do Departamento de Recursos Humanos (intendente Maurício) vai-se embora para Cabo Verde? E o Director Nacional Adjunto permite? ( ou deseja que assim seja?) E quem o vai substituir, não deixará um Comando a meio de uma reestruturação pensada por ele?
*Mais há quem suje a casa que quem a varra

Sunday, November 2, 2008

97 / Brigada do Reumático - Service Pack 2

LS vem avisar que as Forças Armadas estão decontentes porque têm perdido regalias. Não são só as FA que têm perdido regalias, diremos nós.
VL vem lembrar que os militares têm armas e que as armas nas mãos de pessoas mais novas podem levar a resultados imprevisíveis. Vivemos numa democracia resultante de uma intervenção dessas, diremos nós.
O Presidente da AOFA relembra que o Ministério da Defesa não percebe da realidade e que deixou de ouvir as associações. Onde é que este senhor tem andado? Perguntamos nós.
LS, passadas vinte e quatro horas depois do primeiro aviso, vem dizer que o Governo está a pensar no caso e que em breve dará sinais. Governo contrata novo porta-voz? Perguntamos.
Num país como o nosso, poder-se-á dizer que foi mais uma manifestaçãio de descontentamento, como aliás têm acontecido muitas. Os polícias já se fartaram de jantar à custa de mostrar a(s) sua(s) indignação(ões); os professores não têm jantado tanto, mas manifestado mais, os enfermeiros, idem. O que há de novo, é haver generais a lembrar que os militares têm armas. Ok! Eles têm armas, pronto. As Forças de Segurança também. Se eles tiverem qualquer coisita, as FS também vão querer. Que as Forças de Segurança, em geral, são naturalmente solidárias com os militares, disso niguém duvide. Mais do que uma profissão, têm uma missão. Agora, usar da chantagem e da ameaça para fazer passar a mensagem,,, mais vale, em vez de se reunirem para jantar, se juntem e invadam a Assembleia da República como fez há anos um desatinado general espanhol. E esperem pelo resultado.