Tuesday, April 29, 2008

65 / Ooops...!

Na sequência do último post [ 64 / Last Man Standing, de 28ABR08] o Ministro da Administração Interna, Rui Pereira, entre muitas coisas disse isto: "A própria esquadra da PSP de Moscavide dispõe de mais de 40 agentes. Portanto, queremos que o trabalho de polícia seja organizado, para que nunca esteja apenas um agente dentro de uma esquadra". Logo, o MAI não sabe que com 40 (quarenta) agentes, só dá para haver 8 (oito) por turno. Desconhece profundamente as obrigações que uma Esquadra de Polícia tem. Façam-se as contas e veja-se que haverá alturas que para formar um Carro Patrulha.... Ou seja, o MAI tem que começar a ficar calado porque a PSP tem um Director Nacional que pode responder adequadamente às questões de polícia. E fê-lo. Da seguinte maneira: "Não há responsabilização nenhuma. A atitude tomada foi uma atitude lógica". A última vez que há registo de um Director Nacional vir a lume defender os seus agentes... não era um Director Nacional. Era um Comandante-Geral. Não há dúvidas que Oliveira Pereira, foi um verdadeiro Comandante e não um mero director geral de serviços. Aplaude-se!

Monday, April 28, 2008

64 / Last Man Standing

Da tradução do título «Último Homem de Pé», refere-se a um filme de um indivíduo condenado à morte. Salvaguardadas as distâncias, é a imagem que aparece quando se sabe que um homem isolado, polícia, numa Esquadra de Polícia, num centro de uma cidade, foi agredido. Ele e o indivíduo que se encontrava a apresentar queixa. Por uma dezena de outros indivíduos que entraram pela Esquadra adentro. E foram-se embora. Não foi o primeiro caso, mas da forma como a imprensa anda assanhada, cheira que venha daí borrasca. E ainda bem, pois há já muito tempo que se vem alertando que extinguir a Patrulha n.º 1 não só é vergonhoso, como perigoso. Vergonhoso, pois se não conseguimos ter um representante mínimo à nossa porta, de que adianta mandar efectivos para as portas das escolas, efectivos a executar mandados judiciais ou a dar protecção a solicitadores de execução que ganham numa tarde mais do que um polícia num mês? Perigoso, porque o resultado está à vista. O mais chato no meio disto tudo é, mais uma vez, um dirigente sindical, vir em directo para a rádio, dizer que todas as esquadras são assim; e que lá dentro há armas e munições. Obrigado Sr. Ramos. Com amigos assim não precisamos de inimigos.

63 / Policias Especiais

Princípio: não se pode comparar o incomparável. A recente polémica em volta do Grupo de Operações Especiais da Polícia de Segurança Pública (GOE/PSP) que irá, eventualmente, [em português, porque em inglês (eventually) significa certamente] ao Brasil, Rio de Janeiro, para efectuar um treinamento com o Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (BOPE/PMRJ) é exemplo disso. A polémica estalou após a difusão dessa notícia, quase em simultâneo com a divulgação de uma reportagem da SIC, realizada no Rio de Janeiro, em que a jornalista, excitadérrima, diga-se de passagem, foi apresentando as virtudes daqueles homens. O Bloco de Esquerda (BE) foi o que mais repudiou a idéia, certamente recordando o quão mal faziam as visitas que alguns dos seus elementos faziam aos países da cortina de ferro, pré 1989. É capaz de ter razão. A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP), através do seu presidente, fez um alinhamento idêntico. Meio: repete-se, mais uma vez: a PSP não tem necessidade de se expôr, como o tem feito, aos media. Eles nunca hão-de entender o que é ser polícia, por mais que se explique, por mais que durmam connosco. Fim: O Batalhão de Operações Especiais (BOPE/PMRJ) é uma tropa de elite da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro; o Grupo de Operações Especiais (GOE/PSP) é uma unidade de elite da Polícia de Segurança Pública de Portugal, uma das raras unidades civis deste tipo. O BOPE/PMRJ é uma unidade militar estadual entre as muitas que existem no Brasil; o GOE/PSP é uma força especial, composta por elementos que primeiro tiveram que pertencer à PSP, e é de âmbito Nacional. Conclusão: embora não se deva comparar o incomparável, como foi caso, só assim se poderá perceber o que está por trás duma polícia e da outra. Não há dúvida alguma que as favelas do Rio de Janeiro são o corolário da demissão continuada do estado de direito. Em Portugal, para efeito comparativo, «nós por cá todos bem». Quanto à viagem de treinamento: quantas mais melhor. Quanto mais experiência melhor. A sua aplicabilidade em Portugal? Com as regras portuguesas. De Estado de Direito.

Monday, April 21, 2008

62 / Onde Estávamos a 21 de Abril de 1989?

Se não fosse o homem do lado, provavelmente o movimento sindical da PSP não tivesse tido o trajecto que teve. Mas, passados estes anos todos, o que são os sindicatos, os sindicalistas e qual a sua relação com os polícias? Havendo sindicatos para (quase) todos os gostos, não havendo limitações à sua constituição, o que temos hoje em dia, são grupos organizados que fornecem umas folgas extras a alguns dos seus associados. Pelo caminho, vão fidelizando associados, na medida que estes se fidelizam na conta do telemóvel (barato) que puderam comprar por pertencer ao sindicato. Fazem-se mais uns seguritos, e... pouco mais. Ou seja, grosso modo, o movimento sindical na PSP está completamente descredibilizado. Não porque não consigam chegar à fala como os Directores Nacionais ou Ministros, porque o conseguem. Então o que se passa? É que os sindicatos estão moral e eticamente pelas ruas da amargura. Em Abril de 1989, após aqueles acontecimentos no Terreiro do Paço, pensou-se que se daria um grande salto em frente. Foi um redondo engano. É com mágoa que, passados estes anos todos, não se tenha evoluído e se tenha caído na actual estagnação. A todos os que lutaram e sofreram para que fosse criado o movimento sindical na PSP, a nossa homenagem. Aos actuais líderes, o desejo que se concentrem no essencial, que acabem de vez com maus hábitos e que falem mais para dentro do que para fora, pois é dentro de casa que os problemas devem ser resolvidos.

Silveira Godinho
NOTA MUITO IMPORTANTE: Esta mensagem tem-se mantido com a foto única de Dias Loureiro. Hoje, 25 de Abril de 2011, descubrimos o erro. Publicamos a foto do MAI da altura mas mantemos a mensagem original

Tuesday, April 15, 2008

61 / Polícias, Jornalistas e Sindicalistas

No post anterior falou-se aqui na necessidade de uma estratégia de comunicação da PSP, sobretudo no que tem a ver com os media. Claro que o assunto não se esgota aqui, até porque há a comunicação interna. Mas, o que interessa agora, é focar o seguinte: a combinação POLÍCIA / JORNALISTAS não funciona. Aparenta funcionar, mas não. Quando anunciamos os resultados de encher o olho, estamos a servir mais os interesses dos jornais que os policiais. Ao contrário, a combinação JORNALISTAS / SINDICALISTAS, é uma relação perfeita: os sindicalistas tentando mostrar algum serviço (?), os jornalistas, perscrutando eventuais denúncias, veiculadas pelos lídimos representantes da classe trabalhadora, dos escandalosos e hediondos abusos praticados pelas chefias, há que publicar. O exemplo está estampado na edição da passada segunda feira, 14 de Abril, em que o JN, nas suas três edições [Nacional, Norte e Porto] acusa o Comandante do COMETPOR de ter desviado recursos humanos para o funeral de um familiar. Será que é notícia de 1ª Página? Será sequer que é notícia? A denúncia foi feita por um sindicato que entretanto mudou de pele [ou de nome].[NOTA do Policíadas: Só falámos da questão 'notícia'].

Sunday, April 13, 2008

60 / Insegurança, Sentimento de

O 'Sentimento de Insegurança' que as pessoas dizem ter, sobretudo nas cidades, poderá ter origem na falta de uma estratégia nacional de relações públicas da própria Polícia de Segurança Pública. Há uns anos atrás - vá-se lá saber por que carga de água - os Ministros da tutela passaram a querer dar umas entrevistas, sobretudo às televisões, após terem passado umas horitas numas rusgas programadas para serem filmadas. Depois [os jornalistas] a nosso convite, começaram a andar dentro dos carros da polícia. Belas reportagens. Quando não havia assunto, fazia-se para que houvesse. Depois, as Operações Stop: estradas fechadas durante horas, que terminavam [terminam] invariavelmente quando aparecia [aparece] o Sheriff para as bocas finais. Depois foi a droga: era de meter inveja ver as notas todas alinhadinhas em cima duma mesa e, invariavelmente por trás, o placard indicativo de qual a unidade especial que tinha feito o serviço. Falámos demais com os jornalistas e para os jornalistas. Pretendemos transmitir em poucas horas, ou dias, aquilo que leva anos a apreender e nem todos lá chegam. O resultado está à vista. Todos falam, todos aparecem. Dão-se entrevistas, fardados e veiculam-se opiniões pessoais e não institucionais. Os Jornalistas que andaram connosco, agora falam e são pagos pelos media como autênticos peritos da [e na] matéria. Está na hora de, a PSP, meter as mãos à obra e ser ela própria uma Agência de Informação. Fechar as portas. Começar de novo. Podemos começar por mudar a página da Internet [que diga-se de passagem, o adjectivo mais atraente para a classificar é de HORRÍVEL] tanto nos conteúdos como no seu aspecto. Deve-se apostar em Núcleos de Relações Públicas que veiculem o que é a Polícia Nacional, sem deixar de autorizar que estes actuem localmente. Concluindo, deve-se entregar a tarefa a gente profissionalmente autorizada e competente. A informação actual, célere, objectiva, acutilante e não ao contrário do que tem acontecido até agora que é informação meramente reactiva, far-nos-á donos efectivos da mesma e seus controladores. E quem controla a informação...

Wednesday, April 9, 2008

59 / COMEÇAR MAL (talvez sim)

Com o passar dos dias, mais ficamos convencidos que o DN está com dificuldades em formar equipa. Já foi aqui abordada a questão, tanto em posts anteriores [55 / Começar Mal, 56 / Começar Mal (ou não)] como em comentários, aliás bastante oportunos: há Oficiais com o EGO enorme. Há Oficiais que após ‘convite’ para exercerem determinado cargo, recusam. Preferem ir para outros locais. Há os que já se terão esquecido dos odores da profissão, pois são mais os anos que estão fora, que os que passam na organização. Ocupam vaga, usufruem salário igual e ainda têm contrapartidas por estarem fora da organização. E há ainda os não listados para redistribuição. Finalmente, os mais comuns, os que realmente sentem e vestem a farda, acabam por ir parar a «cascos de rolha» como sói dizer-se. Assim não vamos lá!

Monday, April 7, 2008

58 / A Função Pública - (2)

Há dias, um estudo do Ministério das Finanças e do Ministério do Trabalho e Segurança Social, apresentava os vários índices de absentismo tanto na função pública como no sector privado. Uma comparação. A taxa de Absentismo, em Portugal, varia entre os 3,3% e os 11,6%. A média de absentismo no sector privado, em Portugal, é de 7%. No sector público a média é de 6,3%. No sector público, a média mais elevada, 11,6% é, para grande surpresa – ou talvez seja somente para quem ande distraído – do Ministério das Finanças. O mais baixo, 3,3%, pertence ao Ministério da Administração Interna, ou seja o Ministério que tutela – entre outros serviços e forças de segurança – a PSP. Talvez por termos uma taxa de absentismo tão baixa é que querem que passemos ser funcionários públicos.

Saturday, April 5, 2008

57 / A Função Pública

Tem-se ouvido falar, nos últimos tempos, numa lei que vai equiparar os Polícias (PSP) a funcionários públicos. Ficam de fora os Militares [do Ministério da Defesa] e os Militares da GNR [Ministério da Administração Interna]. Pasme-se! Imagine-se se tamanha baboseira tiver pernas para andar! Não há dúvida que a Polícia de Segurança Pública, tal como o seu nome indica, tem funções de interesse público. Mas daí a dizer que somos funcionários públicos, vai uma grande distância. Mas esta asneira tem culpados: primariamente os militares que nos comandavam e nos tratavam como seres menores. Aos poucos foram saindo e deixaram por cá uns vírus, umas bactérias. Fruto disso, e diga-se, com muita legitimidade, Sindicatos começaram a exigir civis na organização, pois os que substituiram os militares não tinham a competência destes, mas dobravam na arrogância, certamente fruto de uma grande inexperiência e vontade de mostrar serviço. Vieram os civis que passaram a ignorar-nos, com o dobro da incompetência dos anteriores e uma soberba inaudita. O resultado está à vista. Concluindo: a culpa é transversal, mas tal como na quinta de Orwell, onde uns eram mais iguais que outros, neste caso, também haverá uns mais culpados do que outros. E adianta alguma coisa? Que tal pararmos com as falas dos corredores, assumirmos alguma frontalidade e não deixarmos que pensem por nós?

Friday, April 4, 2008

56 / Começar Mal (ou não)

Foi dito no post anterior que a demora [nas colocações] era má. Claro que se infere que a precipitação seria pior. Compreende-se que seja necessário ir ao Ministro apreentar as listas [que esperemos, em definitivo, se acabe com o síndrome das Listas de Caupers] embora o DN tenha carta branca. Nestas coisas, a celeridade, não a precipitação, repete-se, é fundamental: demonstra que já pensa há algum tempo, que tem um projecto. Sim, a partir de determinadas categorias hierárquicas, não basta andar por cá. É preciso pensar em eventualidades, estar-se pronto. Daí ter-se dito que a demora era má. Claro que se tem que dar o benefício da dúvida. Mas a demora continua a ser má. Dá a sensação de que apesar de se almejar o cargo, não acreditou mesmo que viesse a alcançá-lo. Se assim foi... paciência. Se por outro lado, a demora significa andar a apagar fogos junto de oficiais com egos elevados... não é começar mal, é um anteprojecto de suicídio em massa. Em todo o caso, sexta-feira, 4 de Abril, 2008, começa uma nova era. Beneficiemos, por uns tempos, da dúvida.

Tuesday, April 1, 2008

55 / Começar mal

Com o passar dos dias após a tomada de posse do novo Director Nacional da PSP, com a demora das colocações dos novos promovidos, com a não publicação de diversos diplomas há muito anunciados e preparados, só podemos -até prova em contrário, como sempre, não é?- chegar a uma conclusão simples e singela: afinal não havia estratégia nenhuma. O Sr. Director Nacional se tivesse alguma estratégia, algum plano definido, alguns objectivos a atingir desde já, embora com repercussões a médio e longo prazo, no dia a seguir à sua nomeação colocava todos os Comandantes Distritais, fossem de Comandos Complexos ou não. A demora, neste caso, é má.