Monday, April 28, 2008

63 / Policias Especiais

Princípio: não se pode comparar o incomparável. A recente polémica em volta do Grupo de Operações Especiais da Polícia de Segurança Pública (GOE/PSP) que irá, eventualmente, [em português, porque em inglês (eventually) significa certamente] ao Brasil, Rio de Janeiro, para efectuar um treinamento com o Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro (BOPE/PMRJ) é exemplo disso. A polémica estalou após a difusão dessa notícia, quase em simultâneo com a divulgação de uma reportagem da SIC, realizada no Rio de Janeiro, em que a jornalista, excitadérrima, diga-se de passagem, foi apresentando as virtudes daqueles homens. O Bloco de Esquerda (BE) foi o que mais repudiou a idéia, certamente recordando o quão mal faziam as visitas que alguns dos seus elementos faziam aos países da cortina de ferro, pré 1989. É capaz de ter razão. A Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP/PSP), através do seu presidente, fez um alinhamento idêntico. Meio: repete-se, mais uma vez: a PSP não tem necessidade de se expôr, como o tem feito, aos media. Eles nunca hão-de entender o que é ser polícia, por mais que se explique, por mais que durmam connosco. Fim: O Batalhão de Operações Especiais (BOPE/PMRJ) é uma tropa de elite da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro; o Grupo de Operações Especiais (GOE/PSP) é uma unidade de elite da Polícia de Segurança Pública de Portugal, uma das raras unidades civis deste tipo. O BOPE/PMRJ é uma unidade militar estadual entre as muitas que existem no Brasil; o GOE/PSP é uma força especial, composta por elementos que primeiro tiveram que pertencer à PSP, e é de âmbito Nacional. Conclusão: embora não se deva comparar o incomparável, como foi caso, só assim se poderá perceber o que está por trás duma polícia e da outra. Não há dúvida alguma que as favelas do Rio de Janeiro são o corolário da demissão continuada do estado de direito. Em Portugal, para efeito comparativo, «nós por cá todos bem». Quanto à viagem de treinamento: quantas mais melhor. Quanto mais experiência melhor. A sua aplicabilidade em Portugal? Com as regras portuguesas. De Estado de Direito.

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