Tuesday, September 30, 2008

90 / Real

Dois polícias, um homem e uma mulher, abateram, a tiro, os seus companheiros. Os motivos, dizem, foram de ordem passional. Vão desculpar todos, mas aqui, o desacordo não pode ser maior. Condenem-se os actos, horriveis, hediondos, mas não se desprezem as causas. O desequilibrio emocional que levou ao cometimento do crime, até poderá ser passional. Mas as causas remotas estão já há muito definidas por todos: instabilidade laboral, insalubridade laboral, falta de protecção hierárquica, afastamento do núcleo familiar, maus vencimentos, nulas recompensas, carga horária excessiva [não esquecer que para além das horas normais diárias ainda há as idas a tribunal, ainda que em folga, os serviços remunerados compulsórios...], falta de perspectiva nas carreiras [quer vertical quer horizontal], exigências especias para se ser polícia mas a inexistência de qualquer regalia para essas exigências, sobreexposição mediática, dupla tramitação processual disciplinar, etc., etc., etc. e, least but not the last, o alheamento e incapacidade de reconhecer e/ou resolver/encaminhar dos problemas dos subordinados, por parte das chefias directas. Enfim, este é o post que gostaríamos de nunca ter escrito. Nem estamos a branquear os actos, que desde já se condenam. Mas, mais uma vez dizemos: há muito que estávamos à espera que algo do género acontecesse. Foi pena que tivesse acontecido, mas que ninguém se mostre surpeendido.

Thursday, September 25, 2008

89 / Insígnias

Se consultarmos dicionários e enciclopédias portugueses de qualidade, verificamos que a seguir a INSÍGNIA segue-se a definição para INSIGNIFICANTE. Mas isto é uma mera curiosidade. Também não deixa de ser curioso percebermos como é que 80 (oitenta) homens íntegros se deixaram enrolar num sofisma sindical. Por outro lado, já não espanta o esforço sindical em demonstrar, com o maior alarde possível, o quão inúteis eles têm sido nos últimos tempos. O caso das insígnias é por demais evidente: os 80 (oitenta) homens íntegros que se deixaram enrolar num sofisma sindical, retiraram insígnias de especialidade militar que obtiveram, salvo uma ou outra excepção, precisamente quando eram militares. Antes de serem polícias. Insígnias de especialidade que, eventual e certamente, lhes abriram ou facilitaram portas para estarem numa unidade especial. Insígnias de especialidade que não fazem sentido numa polícia que se diz civil. Menos sentido faz, um sindicato, promover e alardear uma revolta, usando aqueles simbolos [militares] como exemplo. Deveria era estar contente e feliz por eles serem retirados, pois são eles [sindicatos] que constantemente estão a dizer que a polícia não tem que participar em actividade militares porque é civil. Quando é que esta gente percebe que não é este o caminho?

Tuesday, September 16, 2008

88 / Dois Momentos

MOMENTO AGRI-DOCE - Comprovada a falência da RNPSP [Rede Nacional da PSP] pelos motivos há muito expectáveis: da rejição inicial devido à sua introdução à pressão, seguido da sua lentidão, e, adivinhando-se desde 2006, a génese de uma nova rede de partilha de dados, com o consequente desinvestimento naquela rede. É obvio que a chegada da RNSI se aplaude. É pena que se tenha perdido tanto tempo, esforço e dinheiro e pouco se tenha apre[e]ndido, pois que agora se repete o mesmo erro: introdução à pressão, sem explicações sustentadas e, sobretudo isso, a inoperacionalidade do sistema durante a migração de dados, durante vários dias, de diversos departamentos policiais, levando a autênticos ataques de nervos a quem quisesse elaborar expediente ou enviar um simples e-mail. Mas uma vez normalizada a situação não há dúvida que é uma beleza: rápida e castradora.
MOMENTO DE APERTO - Não podemos anunciar que tudo corre mal. Também não podemos fingir que tudo corre bem. E há momentos em que temos que decidir. E a Direção Nacional da PSP tem que decidir. E a decisão tem que ser rápida sob pena de os efeitos da falta dela degenerarem em momentos embaraçadores. Tanto para quem toma a decisão como para quem fica com os efeitos dela. Há muitas coisas no ar que estão a demorar a sair; coisas importantes que há meses esperam uma decisão e, quanto mais se espera... mais se desespera. Talvez seja um mal Nacional anunciar muito antes do tempo a execução de qualquer coisa. E depois dá nisto. De que falamos? Explica-se: a) Estatutos diversos; b) Regulamentação do dispositivo; c) Nova dotação dos Comandos após a sua reestruturação; d) É preciso mais?

Wednesday, September 10, 2008

87 / Portugal - Dinamarca

Desiludam-se todos aqueles que pensam que aqui se vai falar de futebol. O futebol é só o pretexto para se traçar o paralelismo pretendido. Ou seja:
1) temos um dos melhores treinadores do mundo;
2) dos melhores jogadores do mundo, incluindo as nacionalizações;
3) dos melhores lesionados do mundo;
4) das melhores instalações dos mundo; das melhores gargantas [leia-se jornalistas] do mundo;
5) poderíamos ir por aí no que de melhor do mundo temos. Temos o mundo a nossos pés. Pensamos em grande, falamos em grande, publicitamos em grande, enfim, orgulhamo-nos em grande. Mas isso é antes. O durante e o depois é que é o caraças. Nas Forças de Segurança é igual:
1) temos um dos melhores ministros da administração interna do mundo;
2) das melhores polícias especiais do mundo;
3) dos melhores polícias de gabinete do mundo;
4) das melhores apresentações publicitárias do mundo, incluindo buscas domicialiárias com jornalistas, tiro ao alvo para o mundo ver o que melhor há no mundo
5) poderíamos ir por aí no melhor do mundo que temos, incluíndo helicópeteros, glocks, sniper´s, equipas especiais contra criminosos especiais. Mas a porra é que os crimes acontecem fora dos holofotes. Os crimes são situações pré-mediáticas: não se fazem anunciar. O povo é que sofre com as situações pré-mediáticas, pois os agentes criminosos são, como assim dizer, provocados mediaticamente. Resumindo: jogamos muito melhor, mas os outros é que marcam os golos.

Tuesday, September 9, 2008

86 / Brincar Com o Fogo (2)

A 28 de Maio publicámos aqui uma pequena e importante nota sobre a forma como a Polícia, os Polícias e os Assuntos Policiais eram abordados [ver Mensagem 73/ Brincar Com o Fogo]. Na altura salientou-se a idéia, que foi repetida em outras mensagens, que não era bom falar assim tanto destes assuntos pois não concorreriam para o efeito desejado, antes pelo contrário, que era, e é, acima de tudo, baixar com o sentimento subjectivo de insegurança. Acabava a mensagem com a seguinte frase: "Agora, duma vez por todas, deixem de brincar com o fogo, pois um dia destes queimamo-nos todos. Com aquele fogo que arde sem se ver, sem ser propriamente… amor." Mudando se assunto. Há uns meses atrás, não muitos, um indivíduo foi agredido dentro de uma Esquadra. Decidiu o Ministro [esta mania dos Ministros acharem que fazem melhor que os polícias...] que as Esquadras tinham que ter, no mínimo, dois agentes em serviço, nem que se anulassem patrulhas na rua, verdadeira razão de se ser Polícia. Mas enfim, a medida foi tomada e eventualmente aplicada. Agora, um indivíduo deu um tiro noutro dentro duma Esquadra Policial. Qual vai ser a medida do Ministro? Fazer aplicar a lei que se aplica aos estabelecimentos de restauração e bebidas, contratatando empresas de segurança privada para se fazerem revistas às pessoas à entrada das instalações policiais?

Saturday, September 6, 2008

85 / De Volta

Um arreliador contratempo na gestão do blogue manteve-nos afastados durante a maior parte do Verão. Durante este período aconteceram coisas muito graves; mas nada que não tivessemos anteriormente previsto. Quando se 'perde tempo' a analisar determinados factos, comportamentos e timings, só se estiver muito distraído é que não se consegue lá chegar. Portanto, estivemos afastados, mas mesmo que tivessemos estado activos, pouco mais haveria que dizer, sendo certo que o faríamos e duma forma ponderada, responsável e objectiva. Antes de voltarmos à carga - em definbitivo - era bom que lessem alguns posts atrasados. A todos os leitores e comentadores que se mantiveram a visitar estas Policíadas e nada encontravam de novo... as nossas desculpas.