Friday, February 26, 2010

156 / Muita Água, Muita Lama

Estas fotos carregam, para além da imagem de desolação do facto real, a metáfora da nossa organização. Não é que não acreditemos em nós, enquanto polícias, porque acreditamos. Com o facto de sermos funcionários públicos, por nos quererem, a toda força, equiparar a mangas de alpaca, como se o crime fechasse o expediente, impondo-nos horários que nada têm a ver com a realidade...  Com o facto de estarmos a pagar reembolsos de fardas que já comprámos e gastámos (no pressuposto que teria uma vida policial para as pagar) sem que nos tenham ainda dito onde, como e quando podemos comprar novo fardamento... Com o facto de termos Chefes, automaticamente promovidos a Chefes principais, não terem distintivos de categoria, terem os mesmo recebido o ordenado de Fevereiro como tal, e agora, virem dizer que as listas dos promovidos fica sem efeito porque há erros de palmatória e, como tal, alguns dos promovidos não deveriam ter sido promovidos e que agora... Com o facto, com o facto, com o facto, de facto. Acreditamos na PSP, acreditamos na nossa força de trabalho, mas o facto...
[Estas fotos foram gentilmente enviadas por um leitor deste blogue]

Wednesday, February 24, 2010

155 / Visitas

O nosso presidente veio visitar-nos. Disse: “O nível de criminalidade violenta em Portugal não está a aumentar. Às vezes podemos ficar com essa ideia, pelo contrário, o senhor ministro já me confirmou de que a tendência no ano de 2009 é de decrescimento. Não podemos confundir a árvore com a floresta. A criminalidade geral está a diminuir e a criminalidade violenta não está a aumentar”. Há duas semanas foi à GNR e disse: “Quero manifestar o meu grande apreço por todos os homens e mulheres que, correndo riscos e muitas vezes riscos da própria vida, procuram garantir a segurança das pessoas e a segurança dos bens”, acrescentando [que a GNR] “está bem preparada para responder aos desafios com que é confrontada e garantir a segurança dos portugueses”.
Resumindo: Cavaco conta com a GNR para proteger os portugueses e com o ministro para o marketing. Nós, bem, nós somos a puta da árvore que está a mais na floresta.

Sunday, February 21, 2010

154 / Intervalo

O nosso pesar pelos trágicos acontecimentos da Madeira. É hora de chrorar os mortos, confortar os vivos e partir para a reconstrução. É hora de sermos solidários. Ainda que nos tenham alguma vez tratado mal só porque moramos em locais diferentes. É hora de, enquanto polícias, cada um nós, nos seus Comandos, "incentivarem" camaradas, amigos, chefias, para criarmos uma onda de solidariedade e ajudarmos. Desde uma dia de salário, uma hora de um qualquer subsídio, passando pela própria deslocação física até à Madeira ajudar na reconstrução. Quantos de nós não perceberemos de construção civil, electricidade, canalização? Quantos de nós não somos psicólogos? Quantos de nós não somos apenas seres humanos e pretendemos apenas ajudar? Sim, ajudar, sem penacho nem publicidade? Fazemos aqui um apelo para que, em cada Comando, sejam criadas listas de voluntários dispostos a ir por um curto tempo ajudar. Que se notifique a DN dessa nossa predesposição. Enfim, façamos algo.

Wednesday, February 17, 2010

153 / Co-responsabilização - ( 3 )

As transições nunca foram fáceis. Chegar ao ponto a que chegámos - leia-se desorientação total - também não foi assim muito difícil. Estava na cara que iria ser assim. E vai piorar. Não, não estamos aqui com a vaidade, mesquinhez e arrogância de quem costuma prever as desgraças. Estamos aqui a conversar, mas estamos desolados. Infelizmente olhamos à nossa volta e não descortinamos uma VISÃO para a nossa organização. Olhamos à nossa volta e não vislumbramos OBJECTIVOS comuns à nossa organização. Olhamos à nossa volta e não conseguimos avistar uma ESTRATÉGIA. Ao olharmos à nossa volta só conseguimos ver, ainda que metaforicamente falando, um valente banquete em que muitos dos comensais dispensariam a sua presença e outros tantos dariam aquilo e mais dez tostões para fazerem parte dele. Enquanto não olharmos seriamente para a PSP, para aquilo que de mal lhe estão a fazer, não vamos a lado nenhum. Enquanto não escutarmos seriamente a PSP, iremos continuar a navegar em direcção aos escolhos. Vamos hoje começar a aplicar - seriamente (!) - o novo Estatuto. A publicação de mais dois despachos põe finalmente a máquina a trabalhar. Será que está a funcionar? 

Saturday, February 13, 2010

152 / Co-responsabilização - ( 2 )

Pois não foi um nem dois. Os Despachos que visavam dar corpo ao Estatuto da PSP foram todos revogados (ponto final parágrafo, como alguém diz com frequência!). Foi feita uma vídeo conferência em que participaram as mais altas chefias da PSP. Ok! Também participaram chefias intermédias. Uns, com o mais nobre dos empenhos; outros, só estavam ali. Havia quem defendesse com unhas e dentes o que haveria de fazer a seguir. Alguém houve, vindo de não sabemos de onde nem como, ainda que bem apoiado, cedo se verificou que não trazia o trabalho de casa bem preparado. Deu-se conta, e que isto fique bem claro, que as altas chefias não concordaram nada do que aí vem. Deram a cara e deram as razões. Mas porque não percebiam de legiferação tiveram que engolir. No fim, bem no fim, pensa-se que toda a gente ficou co-responsável. Ponto final. Parágrafo!

Wednesday, February 10, 2010

151 / Co-responsabilização - ( 1 )

Desde o início do ano que a Direcção Nacional da PSP está a braços com um molho de bróculos. O Estatuto do Pessoal que entretanto entrou em vigor, em vez trazer soluções, trouxe complicações; quando se pensava que iria apresentar uma luz nova, trouxe velhas sombras. Deixaram (deixámos?) que se passassem vários meses desde a sua publicação até à sua entrada em vigor. Mais demorada está a ser a sua implementação. Várias poderão ser as explicações para a demora. O que interessa é que, em tempo real,  fomos incapazes de pôr a máquina a funcionar. Deixámo-nos enredar com a treta do funcionalismo público, enfraquecemos. Este Estatuto, esta manta de retalhos, este molho de bróculos, esta festança de subsídios, suplementos, recrutamentos e graduações vai fazer com que chegue ao Verão e nem sequer dinheiro para ordenados vamos ter.
[Outras mensagens sobre o mesmo assunto: 127, 142 e 146]

Sunday, February 7, 2010

150 / Afinal...

A postura politica e oficial, em Portugal, sobre qualquer assunto 'incómodo' é falar dele o mais tarde possível. Depois fala-se como se não tivesse importância, tipo «quem canta seus males espanta!» Finalmente, perante a evidência, esquecendo todas as posições anteriormente assumidas, falam do assunto como matéria prima nova, assumindo posições de um pragmatismo que até impressiona. Se a situação for grave e catastrófica, há sempre um ministro para nos fazer entender a gravidade da situação. Se for para prender uns bandidos, há sempre uma farda para alimentar o espectáculo. O que não se esperava era que, depois do SIS dizer que, sobre a ETA em Portugal, nada havia a registar. Depois do MAI ter dito que, sobre a ETA em Portugal, nada havia a assinalar, a GNR faz o que faz? Vai e contradiz o que anteriormente foi dito descobrindo tonelada e meia de explosivos destinada à ETA? Como o caso é grave, mas de enorme orgulho pelo feito, quem falou foi o Comandante-Geral da GNR. Pergunta-se: Afinal há ETA ou não há ETA? É que se não se sabe, o melhor é criar silêncio, pois como se viu, não adianta fazer das palavras desejos, pois os factos aparecem, mais cedo ou mais tarde, a desmentir as palavras.
[NOTA FINAL: Não nos interessa saber como é que a GNR chegou ao local. O que interessa é que tenha chegado. Ficávamos mais contentes se soubéssemos que tinha sido o nosso sitema de informações a fornecer as orientações que deram origem ao trabalho. Não gostávamos nada de saber que já tinhamos sido ultrapassados pelos serviços de inteligência espanhóis]

Tuesday, February 2, 2010

149 / Fly Robin Fly

De vez em quando, acordamos com o estupor da notícia; com a obscenidade fria do facto. Isso congela-nos. De vez em quando, damos conta que camaradas nossos partiram e que, porque não os conhecemos pessoalmente, não passaram de números a abater nos serviços sociais, como ainda - erradamente - vai aparecendo nas Ordens de Serviço. Outras vezes, conhecemos, ainda que de relance, aqueles que partem. Lembramo-nos então, que não fomos justos para com todos os outros. Não fossem os mais chegados, nem nos aperceberíamos que tinham sequer existido, quanto mais partido. A todos eles a nossa homenagem.