
A postura politica e oficial, em Portugal, sobre qualquer assunto 'incómodo' é falar dele o mais tarde possível. Depois fala-se como se não tivesse importância, tipo «quem canta seus males espanta!» Finalmente, perante a evidência, esquecendo todas as posições anteriormente assumidas, falam do assunto como matéria prima nova, assumindo posições de um pragmatismo que até impressiona. Se a situação for grave e catastrófica, há sempre um ministro para nos fazer entender a gravidade da situação. Se for para prender uns bandidos, há sempre uma farda para alimentar o espectáculo. O que não se esperava era que, depois do SIS dizer que, sobre a ETA em Portugal, nada havia a registar. Depois do MAI ter dito que, sobre a ETA em Portugal, nada havia a assinalar, a GNR faz o que faz? Vai e contradiz o que anteriormente foi dito descobrindo tonelada e meia de explosivos destinada à ETA? Como o caso é grave, mas de enorme orgulho pelo feito, quem falou foi o Comandante-Geral da GNR. Pergunta-se: Afinal há ETA ou não há ETA? É que se não se sabe, o melhor é criar silêncio, pois como se viu, não adianta fazer das palavras desejos, pois os factos aparecem, mais cedo ou mais tarde, a desmentir as palavras.
[NOTA FINAL: Não nos interessa saber como é que a GNR chegou ao local. O que interessa é que tenha chegado. Ficávamos mais contentes se soubéssemos que tinha sido o nosso sitema de informações a fornecer as orientações que deram origem ao trabalho. Não gostávamos nada de saber que já tinhamos sido ultrapassados pelos serviços de inteligência espanhóis]