O nosso contacto com Mário Contumélias foi através do CENJOR [ Centro Protocolar de Formação para Josrnalistas ] local por onde também passou como formador o outro autor do livro. Mário Contumélias, ao longo de alguns anos foi ouvindo e escutando muito de muitos. Ouviu e escutou, tanto de Oficiais da PSP como da GNRDeu formação a elementos que agora se encontram em lugares de destaque na vida policial portuguesa. Desde o actual n.º 2 do SISI, passando pelo 2.º Comandante do Comando Metropolitano do Porto, pelo representante da PSP em Bruxelas, pelo Chefe do Departamento de Operações e Segurança da Direcção Nacional, pelo Comandante da Escola Prática da Polícia, pelo responsável regional do Norte do SIS, etc., etc., etc. De Norte a Sul, dos Açores à Madeira, deu formação a inúmeros Oficiais de polícia, tanto do Instituto como oriundos da carreira de base. Ouviu muito de muitos. Também contou muitas histórias, muitas cumplicidades entre jornalistas, governantes e marcas de produtos. Contou como se lança um Presidente, como nasceu e aparece, a cada manhã, um jornal diário. Contou também como se fazem algumas manchetes de jornais e como se vendem determinados medicamentos, como por exemplo, os comprimidos para a gripe. Contou para que servem os Gabinetes de Comunicação. Também confidenciou como os jornalistas estagiários são explorados pelos jornalistas/directores/patrões da imprensa, sem direito a ordenado e, muitas das vezes, sem poderem aceder à cantina do jornal onde fazem o estágio. Tudo isto perante a passividade de jornalistas como ele. Contou muitas coisas. E foram muitos a ouvir.
Se este livro pretendia ser um retrato da polícia, falhou redondamente. Não se duvída de que os testemunhos ali registados sejam verdade e aconteceu [e acontece] algures a alguém. Infelizmente vai acontecendo. Temo-lo registado aqui várias vezes. Mas a polícia é muito mais do que ali se encontra registado. Além disso é vergonhosa a colagem a um sindicato e o critério [compreensível] de manter o anonimato para uns e a inversão [incompreensível] desse mesmo critério para outros. Também é vergonhoso levantar suspeitas e depois nada escreverem alegando que precisavam de investigação jornalística. Os autores sabem e podem fazer melhor. E eles sabem disso. Também foi decepcionante [mas já não supreende face ao trabalho apresentado] ver os autores num programa de televisão de qualidade duvidosa.
Uma pergunta: Conhecendo os seus autores, a pergunta que se põe é a seguinte: -que medicamento é que estarão a preparar-se para vender?
Uma segunda pergunta: que faz ali o Ministro Rui Pereira?
Concluindo: o livro em questão, é uma peça mal trabalhada dos autores. Poderiam e deveriam ter ido mais longe. O que fizeram, foi entrevistar alguns polícias e fazer uma ligação mais ou menos lógica do texto. Qualquer pessoa que saiba português o consegue fazer. Nem precisa de formação para o efeito. O livro que está por detrás dos nomes não vale o dinheiro gasto na compra. Este livro, sem os nomes dos autores, vendia o número de exemplares correspondentes aos convidados no dia do lançamento, nada mais.
* {do Lat. contumelia - s. f., afronta; injúria; insulto; - fam., mesura; salamaleque; vénia.}